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Tenha como Templo o Universo, como Prece o Trabalho, com Fé o Amor, Como Religião a Caridade - Babajiananda (Pai Tomé)


    Queres despertar?

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    Isis2015
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    Queres despertar? Empty Queres despertar?

    Mensagem por Isis2015 Dom Jan 08, 2017 2:32 pm

    APEGO



    Queres despertar?

    Atenta então ao que segue.

    O despertar da consciência é de natureza tão sutil que comumente vivemos eras inteiras sem ao menos perceber a necessidade de despertar.

    Despertar não é o mesmo que ser religioso ou espiritualista.

    Um homem pode durante centenas de vidas freqüentar igrejas e templos, participar de rituais e se tornar erudito nas escrituras sagradas, entretanto nunca se interessar pelo despertar e nem sequer compreender o que é o despertar.

    A iluminação e liberação necessariamente passam pelo despertar. A auto-realização é inconcebível sem o despertar. O estado de iluminação está além de qualquer racionalização, e mesmo as ideias mais belas e aparentemente profundas estão bem distantes do despertar e da iluminação.
    Enquanto a mente não se ilumina existe apenas escuridão. Todas as filosofias, teorias religiosas e espiritualistas do mundo não passam de escuridão quando o assunto é iluminação.

    Pode o Budha Interior brilhar numa mente repleta de inconsciência?!

    Pode o Cristo Íntimo exercer a realeza entre os fariseus e saduceus?!

    É urgente começarmos a despertar para um dia atingir a iluminação completa!

    Somente a iluminação libera o homem do sansara. Somente a iluminação prepara o homem para receber os princípios superiores do Ser.

    Sem a iluminação, o Sol interior não pode brilhar. Logo, comecemos por despertar aqui e agora.

    O despertar está além de todo e qualquer conceito esotérico ou doutrinário. O despertar independe de crenças. Ao contrário, enquanto a mente estiver agarrada às crenças e conceitos, jamais poderá despertar para o despertar.

    É da natureza da mente ordinária fixar-se às ideias e não querer abrir-se ao novo. É mais fácil, é mais simples, é mais agradável e é mais prazeroso agarrar-se aos conceitos antigos. Isso gera a falsa impressão de que temos tudo sob controle e de que caminhamos bem na Vida.

    Se alguma ideia fere nossas crenças, a mente reage e repudia o novo, tentando manter intocáveis os conceitos pré-concebidos. Assim, as reações da mente ordinária têm sempre como pano de fundo o batalhar das antíteses. Se for bom, agradável, belo e prazeroso, queremos perpetuá-lo. Se, ao contrário, for mal, desagradável, feio ou não prazeroso, queremos repudiá-lo.

    O batalhar das antíteses forma uma espécie de caldo o qual mantém nossos pensamentos nele mergulhados. O fluxo contínuo e descontrolado desses pensamentos – a chamada tagarelice mental – nasce desse caldo que também é conhecido como inconsciente humano.

    A mente ordinária não só vive entre as antíteses, mas também costuma se agarrar aos pensamentos mais triviais do diário viver, lançando-se ao passado ou projetando-se ao futuro. Nesse ir e vir deixa de estar na única realidade possível – o agora.

    A mente desperta está livre da tagarelice mental. Ela deixa de ser vítima do batalhar das antíteses e do jogo mental do agarrar e do repudiar que manobra, constantemente, o fluxo inconsciente e mecânico dos pensamentos.
    Se quisermos nos libertar da tagarelice mental e alcançar o estado de mente desperta devemos ir além da dualidade e transcender o hábito de fixar-se às ideias.

    Já sabemos que as reações da mente e a tagarelice mental nascem da dualidade.

    Já sabemos que a dualidade existe porque a mente ordinária agarra-se firmemente aos conceitos e repudia o que não lhe convém.
    Além disso, também sabemos que os pensamentos triviais fazem a mente divagar entre o antes e depois, impedindo a percepção da realidade presente – a única possível.

    Porém, de onde vem o agarrar e o repudiar?

    Por que nos fixamos aos pensamentos e não queremos ver que são esses mesmos pensamentos que nos aprisionam?

    Já te deste conta, caro amigo, que para proteger tuas ideias normalmente sacas mão da ira, do desprezo, da indiferença, do cinismo ou de escárnio?!
    Então, de onde será que vem essa tendência em tentar proteger ferozmente nossas crenças e pensamentos?

    Se quiseres em verdade despertar, estuda, reflete e medita para que compreendas e absorvas esses ensinamentos.

    A dualidade tem seu fundamento no princípio do prazer. Todos os movimentos da mente ordinária visam gerar prazer ou usufruir de situações prazerosas.

    Entretanto, o prazer em si mesmo não é bom nem ruim para a espiritualidade.

    É o que é, e nada mais. O mal, em si, não está no prazer, mas sim no APEGO AO PRAZER.

    É o apego ao prazer que nos mantém prisioneiros da dualidade. O apego ao prazer funciona como um ópio mental. Sim, mental. Atenta a isso.

    Os sentidos são a porta por onde transitam as impressões negativas e positivas. Porém, as impressões negativas penetram em nossa mente e, em algum lugar obscuro do inconsciente, acabam por fixar-se e criar morada. Ali, em meio à escuridão, elas dão nascimento e fazem crescer o ego animal, fonte de todo sofrimento humano.

    Das sombras de nossa escuridão o ego projeta o futuro e rememora o passado. Cria sistemas, planos, manobras, ideias, crenças e fantasias para dar continuidade a sua existência. Ali, no inconsciente obscuro, o apego, como uma árvore, finca suas raízes e lança seus galhos e folhas através da mente ordinária, impedindo que a luz solar penetre no solo a seu redor.

    O apego ao prazer torna a mente obtusa, pegajosa, impura. Desvirtua a visão e obscurece o entendimento.

    Na ânsia de reter e perpetuar o prazer, o homem se aferra aos bens transitórios do sansara e amplia seu sofrimento. Desvirtua os sentidos, transformando-os em elementos que embrutecem a alma e entorpecem a mente.
    Esse processo culmina com a total cegueira espiritual. Os “olhos da alma” ficam lacrados e impossibilitados de ver além da materialidade. Logo, o homem apega-se às coisas externas, como pessoas, bens materiais, paixões, sensações e esperanças, tudo na ânsia de sentir mais e mais prazer.

    Mesmo o ego, em suas múltiplas manifestações, mantém sua existência porque estamos apegados ao prazer que cada um deles nos proporciona. Podemos não querer admitir que atrás da ira se oculta um prazer satânico. Que atrás do desprezo ou orgulho ocultam-se sutis e invisíveis gostos. Etc. Etc. Etc.

    Mesmo as ideias ínfemas permanecem a vagar em nossa mente porque nos apegamos ao simples pensar despreocupado. Nos dá prazer elocubrar e fantasiar qualquer pensamento que sorrateiramente penetre em nossa mente.
    Vivemos entorpecidos pelo ópio mental da fascinação. Fascinados pelos pensamentos fantasiosos e inconscientes, não vemos as verdades ocultas nas formas mais simples e singelas.

    Já foi dito que a iluminação é a “Sabedoria do Ordinário” extraída do dia a dia.

    Porém, o mais importante é dar-se conta que o apego não está depositado em todas as coisas materiais e sensações externas que os sentidos proporcionam, e sim no prazer ilusório que essas coisas produzem em nossa mente.

    É uma mudança sutil na percepção, mas uma mudança extremamente profunda.

    Como posso me desapegar se não reconheço a origem de meu apego?

    Como posso me desapegar se não me dou conta que o apego ao prazer não passa de uma ilusão criada em algum canto obscuro da mente?

    Muito bem, voltemos ao princípio.

    A tagarelice mental é fruto da dualidade e a dualidade é gerada pela mente ordinária em seu hábito nocivo de agarrar e repudiar.

    Agora aprendemos que o agarrar e o repudiar tem suas raízes no apego ao prazer e que, este, nada mais é do que uma ilusão interna que desvirtua os sentidos e obscurece a visão clara, livre de projeções e desvirtuações.

    Descobrirmos que o despertar é viver o presente intensamente e que a mente iluminada não vagueia descontrolada entre o antes e depois, pois vive o eterno agora.

    Por fim, resta-nos dizer que o desejo, monstro insaciável, senhor do sansara, está intimamente atrelado ao apego, pois é o apego ao prazer que projeta no ambiente externo o desejo de adquirir e manter, gerando frustrações e sofrimentos de todos os tipos.

    Cessando o apego, cessa o desejo.

    Cessando o desejo, morrem as projeções e fantasias.

    Morrendo as elucubrações da mente, passamos a viver o agora. Logo, estamos aptos para iniciar o processo do despertar.

    É interessante observar que tudo isso que descrevemos gira em torno de uma ilusão criada e depositada no fundo da mente: O APEGO.

    Por isso, podemos dizer que o sofrimento, ainda que real, não passa no fundo de uma ilusão originada dentro de nós. Somos pai e mãe de todo sofrimento humano.

    Para nos libertarmos desse sofrimento faz-se necessário despertar. Enquanto não vivenciarmos em nosso psiquismo esses ensinamentos, eles não passarão de grades douradas que, no fim, somente embelezam a prisão na qual vivemos.

    Por: Daniel Ruffini

      Data/hora atual: Sex Abr 19, 2024 1:35 am